quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobre Violência



Em nosso país, a violência é um fenômeno que se manifesta tanto na cidade como no campo, entre jovens e não jovens sem distinção de cor, raça, sexo, credo, condições social e econômica. Isso em parte está relacionado a desordem social e falta de estrutura que dê a todos condições dignas de vida.

Os fenômenos e as reflexões geradas em torno da problemática da violência não são novos nem escassos. Ao longo da história das sociedades, em seu âmbito político ou social, a violência aparece como um fator recorrente demandando ações efetivas dos governantes e governados.

Não existe, pois, a menor dúvida quando se afirma que a violência é o ponto comum presente nas relações entre os indivíduos, grupos, nações ou povos, a tal ponto de que filósofos e tratadistas consideram que o ser humano se define essencialmente por e para a violência.

Supunha-se que com o advento da modernidade, dos processos de racionalização a ela inerente e o estabelecimento internalizado do direito e das normas institucionais entre a população superariam as violências clássicas e tradicionais em suas variadas manifestações; no entanto, os dados extraídos dos acontecimentos sociais em suas distintas dimensões demonstram que este problema não será superado em curto prazo.

As violências apresentam um lastro negativo, porquanto tendem a submeter ou desarticular a vontade do outro, subtrair sua autonomia, eliminá-lo, expatriá-la ou simplesmente retirar sua posse, situações que denotam decomposição e perda de vigência das instituições que regulam o tecido social contemporâneo. É por isso que as violências se expressam de diversas maneiras, incluindo a insegurança pública.

Nesse sentido, a violência se revela não como potência e força, mas como sinal de impotência, de insensibilidade, de decadência da vida e de intolerância. É produto da frustração individual e coletiva e, em sua essência, negativa, sendo mais do que produto de condições objetivas da sociedade.

Permeia e desilude em todos os estratos sociais, inclui em sua dinâmica a infância, a juventude, a velhice; não distingue nacionalidade e religião – exceto os casos de marcado confronto étnicos nacional – e é carente de ética e moral.

A violência se apresenta também como uma relação social caracterizada pela agressão contra a integridade física, psicológica, simbólica ou cultural de indivíduos ou grupos sociais.
Em suas manifestações rompe com as normas jurídicas, destrói as coesões sociais e perturba o desenvolvimento normal das atividades econômicas, sociais e políticas de uma determinada sociedade. Tal é a magnitude e diversidade de ações qualificada de violentas, que, na atualidade, é pertinente falarmos de violências e não de violência, como o fazia o enfoque tradicional ao tratar o problema.

Acrizio Galdez