terça-feira, 17 de maio de 2011

Anjos da Rua





Uma das experiências mais intensas da minha vida, foi a de poder sair com algumas sacolas, com roupas, algumas usadas outras não, para doar a moradores de rua.

Pessoas que com o tempo, no nosso tempo, vão se tornando invisíveis... Gente que é de carne e osso, que vão passando pelo mundo como fantasmas, ectoplasmas concretos que se misturam ao concreto das cidades... Gente que passa, mas que muita gente insiste em não ver.


A nossa “moderna cultura”, que nos empurra goela a baixo a Coca-Cola e o estilo de vida norte americano, também reza na sua cartilha a descriminação e a redução a uma condição de “sub-humanidade” a muitos irmãos que não tiveram as mesmas oportunidades que você, que está lendo este texto agora.


Eu mesmo posso confidenciar a você, caro leitor, que foi só a partir da primeira vez que estive com aqueles irmãos nossos que passei a me dar conta de como também não os enxergava. Era como se não existissem – a não ser que sua presença estivesse em algum lugar no caminho, atrapalhando o tráfego. Caso contrário eu não os percebia, não saberia comentar seus traços, muito menos suas vestes – mesmo que rasgadas ou mal cheirosas.


Com as experiências vividas naqueles momentos, pude compreender alguns fatos importantes: O que menos preocupa um morador de rua é o alimento, mesmo porque são auxiliados por muitos destes abnegados tarefeiros da noite. Não sentem fome do pão, contudo tem fome de afeto, de consideração, de alguém que os escute. Não sofrem apenas pela ausência de casa ou de família, mas principalmente pela ausência de humanidade. Não lamentam o fato de estarem concretamente na miséria, mas a miserável forma de tratamento que recebem.


Se puder te dar um conselho, que pode mudar a sua vida... É que você tente mudar, para melhor, a vida destes anjos da rua, seres humanos como eu e você.

Acrizio Galdez




"As feridas da alma são curadas com carinho, atenção e paz.

"Machado de Assis

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